Monday, July 15, 2013

O Sobrenatural na pré-História do Japão I



“Nem todas as histórias de assombração japonesas são por natureza assustadoras ou mesmo violentas. A maioria delas trata as manifestações fantasmagóricas como parte da ordem natural das coisas.”  (Robert Weinberg)



No Japão, as narrativas sobrenaturais podem ser encontradas já no primeiro livro a compor o cânone da literatura japonesa, o Kojiki (Registro de Assuntos Antigos, 712), o mais antigo documento literário japonês a sobreviver ao tempo.
O Kojiki foi escrito originalmente com caracteres chineses e adotando-se uma sintaxe híbrida dos idiomas japonês e chinês. A escrita chinesa foi provavelmente trazida ao país já no primeiro século da Era Cristã, mas seu uso permaneceu por séculos restrito a uma função tipicamente simbólica, limitado a inscrições em pedras, espelhos e espadas.
Dessa forma, não existiram (ou não sobreviveram) documentos literários escritos antes do Período Nara (710-784), mas isso não quer dizer que narrativas dos períodos anteriores não tenham sobrevivido. O Kojiki, bem como o Nihon Shoki (Crônicas do Japão, 720), por exemplo, trazem relatos e narrativas de séculos anteriores ao século VIII.
Os gigantescos túmulos em forma de fechadura do Período Kofun (300-552) construídos para os imperadores Ôjin (Ôjin-tennô, 応神天皇 ) e Nintoku (Nintoku-tennô, 仁徳天皇 ), por exemplo, são citados tanto no Kojiki quanto no Nihon Shoki.
As áreas mais importantes do Japão arcaico eram Tsukushi-no-shima (a região a qual hoje em dia nos referimos como Kyûshû) e Yamato-no-kuni (a região da atual província de Nara). Yamato era na época o Estado mais poderoso do arquipélago japonês enquanto Tsukushi era o ponto de contato com o continente — Karakuni (China e Coreia).
Em algum momento as classes (linhagens) mais poderosas de Yamato e arredores deram origem ao que se conhece como corte de Yamato. Este período é assim denominado pelo surgimento de câmaras mortuárias gigantescas (os kofun) na ilha de Tsukushi e nas atuais províncias de Quioto, Nara e Osaka. Nestes imensos túmulos construídos pela classe dominante, eram deixados espelhos, espadas, jóias, bem como outros objetos mágicos ou ritualísticos, como os haniwa, objetos de barro representando pessoas, casas, barcos, cavalos e outros animais.

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