“Nem todas as histórias de assombração japonesas são por natureza
assustadoras ou mesmo violentas. A maioria delas trata as manifestações
fantasmagóricas como parte da ordem natural das coisas.” (Robert Weinberg)
No
Japão, as narrativas sobrenaturais podem ser encontradas já no primeiro livro a
compor o cânone da literatura japonesa, o Kojiki (Registro de Assuntos Antigos,
712), o mais antigo documento literário japonês a sobreviver ao tempo.
O
Kojiki foi escrito originalmente com caracteres chineses e adotando-se uma
sintaxe híbrida dos idiomas japonês e chinês. A escrita chinesa foi
provavelmente trazida ao país já no primeiro século da Era Cristã, mas seu uso
permaneceu por séculos restrito a uma função tipicamente simbólica, limitado a inscrições em pedras, espelhos
e espadas.
Dessa
forma, não existiram (ou não sobreviveram) documentos literários escritos antes
do Período Nara (710-784), mas isso não quer dizer que narrativas dos períodos anteriores
não tenham sobrevivido. O Kojiki, bem como o Nihon Shoki (Crônicas do Japão,
720), por exemplo, trazem relatos e narrativas de séculos anteriores ao século
VIII.
Os
gigantescos túmulos em forma de fechadura do Período Kofun (300-552) construídos
para os imperadores Ôjin (Ôjin-tennô, 応神天皇 ) e Nintoku (Nintoku-tennô, 仁徳天皇 ), por exemplo, são citados tanto
no Kojiki quanto no Nihon Shoki.
As
áreas mais importantes do Japão arcaico eram Tsukushi-no-shima (a região a qual
hoje em dia nos referimos como Kyûshû) e Yamato-no-kuni (a região da atual
província de Nara). Yamato era na época o Estado mais poderoso do arquipélago
japonês enquanto Tsukushi era o ponto de contato com o continente — Karakuni (China
e Coreia).
Em
algum momento as classes (linhagens) mais poderosas de Yamato e arredores deram
origem ao que se conhece como corte de Yamato. Este período é assim denominado
pelo surgimento de câmaras mortuárias gigantescas (os kofun) na ilha de
Tsukushi e nas atuais províncias de Quioto, Nara e Osaka. Nestes imensos
túmulos construídos pela classe dominante, eram deixados espelhos, espadas,
jóias, bem como outros objetos mágicos ou ritualísticos, como os haniwa,
objetos de barro representando pessoas, casas, barcos, cavalos e outros animais.
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